

Sabores do Norte Pioneiro
Andirá
História
Andirá teve como início da sua fundação o ano de 1927, quando aconteceu o prolongamento da estrada de ferro, da então Rede Viação São Paulo-Paraná. Construiu-se naquela localidade, uma estação com o nome de Ingá (fruta silvestre abundante na região), nas terras de Bráulio Barbosa Ferraz. O pioneiro, na ânsia de prosperar com o progresso advindo dos trilhos de aço, dividiu em lotes cinco alqueires, aproximadamente, expondo-os à venda, dando início ao núcleo urbano.
Através do Decreto-Lei Estadual número 347 de 30 de março de 1.935, o povoado de Ingá foi elevado a categoria de Vila, com a criação do Distrito Jurídico e a instalação do Cartório, pertencente ao município de Cambará.
O evento histórico e inesquecível para a população local foi a emancipação política de Ingá, com o desmembramento da Comarca de Cambará, através do Decreto-Lei nº 199, de 31 de dezembro de 1.943, assinado pelo Interventor Manoel Ribas. Nascia então o município com o nome de Andirá.
Como foi a independência de Andirá da Comarca de Cambará
Podemos comparar a história de Andirá, a sua emancipação política, com a história do Brasil, quando de sua independência de Portugal.
O pequeno distrito de Ingá, desde sua fundação pelos idos de 1.927, estava ligado politicamente ao Município e Comarca de Cambará, contribuía com os impostos e tudo o que a metrópole precisava. Tudo era empregado para a melhoria e progresso de Cambará, para o pequeno distrito nada sobrava: nem escolas, nem calçadas, nem água, iluminação deficiente, e o pior, não tinham seus habitantes o direito a qualquer participação na vida política e social de Cambará.
Em face das injustiças que se acumulavam, começaram a surgir os "inconfidentes". Grupos de homens formados por sacerdote, médico, farmacêuticos, comerciantes, agricultores, e entre eles, muitos maçons, que em reuniões familiares não eram interrompidos por televisão, horários de novelas ou incompatibilidades por preconceitos ou crenças religiosas, onde se compreendiam as convicções de cada um, no campo das liberdades de pensamento, na luta por um mesmo ideal de liberdade, porque todos, sacerdotes ou maçons, pobres ou ricos, cultos ou ignorantes, acreditavam num mesmo Deus e queriam lutar pela emancipação do Distrito de Ingá.
E aí começaram os primeiros vultos a tomar nomes. Surge, então, o Padre Constantino Carneiro que por pouco tempo esteve como vigário naquela época. Homem vindo do Estado do Ceará, muito culto e progressista, foi a pessoa indicada para incentivar o pequeno grupo de idealistas a iniciar a luta pela liberdade. E esse pequeno grupo era formado por Elias Vaz, Osvaldo de Paula Eduardo, Aldezirio Marins, Virgínio Rosário, Antonio Benassi, Orlando Urizzi, José Miranda, Euclydes Casimiro Teixeira, Frederico Tomasetti, Cândido Bertier Fortes e Oscarlino Carvalho Duarte, de Itambaracá.
Empreenderam viagens a Curitiba, enfrentando estradas de terra em carros próprios ou estradas de ferro, onde as viagens duravam 24 horas, com sacrifícios, inclusive financeiros, para entrevistas junto ao Poder Executivo.
Surgiram no Distrito de Ingá na época, os opositores ao movimento de emancipação, levados por interesses particulares e financeiros, e em Cambará levados também pelos mesmos interesses, e como dizer, não querendo perder a galinha de ovos de ouro.
Depois de muitas viagens à Curitiba, muita luta e sacrifício, houve a promessa de que haveria a emancipação, mas com duas condições: o primeiro prefeito do novo município seria Bráulio Barbosa Ferraz e o Estado não arcaria com o ônus da construção do edifício onde deveria ser instalada a prefeitura municipal.
A condição de construir o prédio da prefeitura não representava nada para homens que estavam acostumados a enfrentar dificuldades, e ademais, sabiam que podiam contar com a colaboração do povo que se empolgava com a idéia da emanciapação do distrito. A outra condição, entretanto, os preocupava, pois ficaram sabendo pelo próprio Interventor que a amizade entre ele e o Senhor Bráulio Barbosa Ferraz, por motivos políticos, estava abalada, e essa seria a forma da conciliação.
Gestos de nobreza por parte do Interventor e da parte de Bráulio Barbosa Ferraz, deixaram de lado qualquer ressentimento e ambos encontraram a reconciliação. Com o decreto de 31/12/43, criou-se então o novo município, e, no dia 1º de janeiro, às 15 horas, teve lugar a cerimônia histórica da instalação do Município de Andirá. Depois de ouvido o Hino Nacional Brasileiro, com silêncio e respeito, o Sr. Antonio Benassi, Juiz de Paz em exercício deu início a memorável sessão. Foram convidados para tomar parte na mesa os Srs. Bráulio Barbosa Ferraz, Padre Sebastião Radmacher, Virgínio Rosário, Dr. Aldezirio Marins, Tertuliano Ramos, delegado de polícia, Elias Vaz, Henrique Artigosa e Dr. José Fontes de Noronha.
Com a palavra o orador oficial, Dr. Aldezirio Marins, falou sobre a significação daquela cerimônia, destacou as pessoas pioneiras dessa vitória da emancipação e exaltou ao Sr. Bráulio no sentido de aceitar o governo do município recém-criado. Durante o resto da tarde e à noite continuaram os festejos populares.
Merece especial destaque o oferecimento pela população, do prédio da prefeitura, cuja soma de Cr$76.550,00 fora subscrevida em poucas horas, pela comissão formada por Bráulio, Virgínio Rosário, Osvaldo de Paula Eduardo e Elias Vaz. O prédio da primeira Prefeitura Municipal, embora não guarde as características arquitetônicas originais da época, atualmente é a Cooperativa Campal, onde também já foi a Indústria de Óleos Andirá S/A - IOASA - e recentemente a Setti Alimentos S/A, em processo de falência judicial.
Texto escrito pela Drª Odila Guide Rosário Marchini - 1.981
Pontos Turísticos
Paróquia São Sebastião
Fundada: 1942
Outros Dados
Fonte de Economia: Não informado
Encontro da Terceira Idade: Não informado


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![]() Imagem Satélite Andirá |